Felicidade
Posted by thimax77 em 15/08/2010
Por Drº Gordon Haddon Clark
“Felicidade” (eudamonia, de onde derivamos eudemonismo2) é o termo que Aristóteles usou para designar o objetivo da vida. Ela é um fim em si mesmo, nunca um meio para algo mais: “Honrarias, o prazer, a inteligência e todas as outras formas de excelências, embora as escolhamos por si mesmas… Escolhemo-las por causa da felicidade… Mas ninguém escolhe a felicidade, visando as várias formas de honrarias ou prazer, nem como um meio para algo além dela mesma” (Nicomachean Ethics, I, vii, 1097b1-6). Embora o termo “felicidade” pareça designar um fim único, ele na verdade consiste de várias partes, todas necessárias. Dois fatores a serem escolhidos voluntariamente são aquilo que é virtuoso e a atividade racional.
As virtudes são a coragem, temperança, liberalidade, e assim por diante. A atividade racional é uma questão de estudar física, metafísica, etc. A razão é que essas são funções do homem como homem. O propósito de uma flauta é produzir música; o propósito de um peixe é produzir peixe; o propósito de um sapateiro é produzir sapatos; mas o propósito do homem como homem é viver virtuosa e racionalmente.
Existem também alguns fatores involuntários na felicidade. Uma vida de tragédia ou desgraça (mesmo desmerecida) não é uma vida feliz. Nem pode um homem ser chamado de feliz se é o seu filho quem sofre a tragédia.
Portanto, é impossível saber se um homem é feliz, até que ele tenha morrido.
A ética de Agostinho também era o eudemonismo. A vida boa é uma vida de felicidade (beatitudo, beatitas; ambos termos cunhados por Cícero).
Todos os homens desejam a felicidade (De Trinitate, X, v, 7). “Ninguém vive como desejaria, a menos que seja feliz” (De Civitas Dei, XIV, 25).
Ora, Agostinho não menosprezaria virtudes tais como coragem e temperança; nem desdenharia do pensamento racional. Na verdade, ninguém pode ser feliz sem o conhecimento da verdade. Nisso há uma similaridade com Aristóteles. Mas Agostinho substitui o secularismo de Aristóteles pelo conteúdo cristão. Deus é a verdade e conhecer a Deus é a verdadeira sabedoria. Portanto, a felicidade que Agostinho recomenda torna-se bem-aventurança ou beatitude.
De maneira mais explícita: sabedoria não é o conhecimento de algum deus pagão, nem mesmo do digamos, primeiro princípio de Spinoza. Ter sabedoria é ter Cristo.
Cristo é a verdade; Cristo é a sabedoria de Deus. Uma razão para fazer dessa verdade o objetivo dos nossos esforços é que se amamos o que podemos perder, não podemos ser felizes. Mas Deus, Cristo, e a verdade são imutáveis, e se temos isso, nossa bem-aventurança é permanente. O eudemonismo, portanto, não pode ser confundido com o hedonismo, como é algumas vezes ignorantemente feito; os dois formam um contraste.
Fonte: Essays on Ethics and Politics,
Gordon Clark, Trinity Foundation, p.
109-110
Geraldo Lim Nascimento said
Meu querido Ra Mclau, seu comentario é muito profundo pois vais nas raizes das referencias biblicas, mas se esquece que o corpo é templo do Espírito Santo e que devemos amar nosso proximo como a nos mesmo.
Até onde conheço a pesso que fura o seu corpo para colocar um pedaço de ferro e outra que pega tinta para pintá-lo de alguma forma, está dizendo pra Deus que Ele é burro e não sabe trabalhar e isto pra mim é algo maligno e contrender com Deus.
Será que o tal homem que se porta desta forma chegará a algum lugar?
CurtirCurtir