Oi, M.! Há muito tempo que gostaria de falar algumas coisas, mas nunca tive coragem, por medo de você me entender mal e romper nossa amizade. Por mais que estejamos distantes, agora que você mudou de cidade, ainda lhe sinto muito próximo, como nos tempos do 2º. grau. Você lembra? Vim transferida de um outro colégio. Chegando na classe, encontrei com a Lu, com quem já tinha estudado no 1º. grau, e através dela fiz amizade com você.
Mas tudo isso foi há mais de 15 anos. Hoje estou noiva de um rapaz, e você está casado com o Mq. Nesse intervalo de tempo eu fiz muita besteira, você também, quebramos a cabeça para chegar onde estamos. Se eu pudesse voltar no tempo repetiria algumas coisas e mudaria outras. Mas não podemos voltar, nem mudar o que já aconteceu, mas podemos repensar nossa vida daqui para adiante.
M., lembra que eu lhe dei todo o meu apoio quando você se reconheceu gay? Continuei lhe apoiando quando você conheceu o Mq., e já são pelo menos 10 anos juntos! E você sabe que, independente da burrada que você fizer, sempre será meu amigo. Quando você me contou que estava fazendo michês, por mais que eu detestasse essa prática, isso não tirou de mim o amor que sinto por você, um amor de amigo, de irmão. Nem há algum tempo atrás, quando você passou para o outro extremo, inclusive colocando fotos de sexo entre homens no seu perfil do Orkut (pois penso que ser gay ou ser hetero não implica em obrigar ninguém a ver fotos de sexo, seja lá de quais sejam), também isso não me afastou de você. Mas me sinto feliz em ver que essa fase de “descambação” passou, e agora seu perfil está mais “família”, como realmente você é.
Na época fiquei com vergonha, mas agora estou mais tranqüila por você ter compreendido que ser gay não é ser pervertido sexual, não é ter que mostrar que gosta de sexo, não é ter que mostrar sexo, não é ter que fazer sexo só para se afirmar. Ser gay é apenas amar alguém do mesmo sexo.
Mas ainda tem uma coisa, muito difícil, para conversar com você…